A confiabilidade dos testes laboratoriais dependem, primariamente, da qualidade da amostra recebida. Para cada exame há uma forma correta de coleta, conservação e envio.
Identificação do Material
- A identificação do material a ser enviado ao laboratório é essencial para a agilidade da rotina laboratorial e rapidez na entrega dos laudos.
- Os frascos devem conter o nome do paciente e do Médico Veterinário solicitante.
- A requisição deve ser preenchida com letra legível e nela devem constar os dados completos dos animais (nome, raça, sexo, idade).
- De preferência acrescentar suspeita clínica, medicamentos utilizados e se o animal está ou não em jejum.
Fatores que interferem nos resultados dos exames:
- Garroteamento prolongado, provocando hemólise e agregação plaquetária
- Stress do animal
- Volume inadequado de amostra
- Conservantes (físico e químicos) inadequados para o exame solicitado
- Medicação administrada
- Contaminação da amostra
- Alimentação do animal antes da colheita, provocando lipemia
- Temperatura inadequada de armazenamento da amostra
ALTERAÇÕES CAUSADAS PELA HEMÓLISE E LIPEMIA NA HEMATOLOGIA
Tanto a hemólise quanto a lipemia alteram os resultados laboratoriais de diferentes formas. Por esse motivo boas práticas na coleta e jejum são de extrema importância para um resultado fidedigno e confiável.
Alterações nos resultados de hematologia causados pela HEMÓLISE:
- Contagem de eritrócitos = Diminuição
- Hematócrito = Diminuição
- Hemoglobina = Aumento
- CHCM = Aumento
- VCM = Diminuição
- PPT = Aumento
Alterações nos resultados de hematologia causadas pela LIPEMIA:
- Contagem de eritrócitos = Diminuição
- Hemoglobina = Aumento
ALTERAÇÕES CAUSADAS PELA HEMÓLISE E LIPEMIA NA BIOQUÍMICA
- Boas práticas na coleta e jejum são de extrema importância para um resultado fidedigno e confiável.
Alterações nos resultados causados pela HEMÓLISE:
- AST = Aumento
- ALT = Aumento
- LDH = Aumento
- CK = Aumento
- Amilase = Diminuição
- Lipase = Aumento
- PT = Aumento
- Albumina = Aumento
- Cálcio = Aumento
Alterações nos resultados causados pela LIPEMIA:
- AST = Aumento
- ALT = Aumento
- Amilase = Aumento
- Bilirrubina = Leve aumento
- Cálcio = Aumento
- CK = Aumento
- Fósforo = Aumento
- Glicose = Aumento
- LD = Aumento
- Lipase = Aumento
Passos básicos para colheita de sangue
- Verificar sempre, antes da coleta, a necessidade ou não de anticoagulante e o anticoagulante a ser utilizado
- Verificar sempre o volume recomendado de material, para realização de cada exame.
- Realizar assepsia local.
- Fazer garrote não demorado no vaso sangüíneo que será puncionado.
- Introduzir com firmeza a agulha na pele e depois no vaso sangüíneo. Devese tomar cuidado para não estourar a veia levando a formação de hematoma. Imediatamente após penetrar a agulha no vaso devese retirar o garrote e aspirar o sangue.
- Retirar a agulha e pressionar a região de coleta com algodão embebido em antiséptico.
- Retirar a tampa do frasco e a agulha da seringa. Escorrer delicadamente o sangue pela parede do tubo. Este procedimento evita a hemólise da amostra.
- A manipulação e o acondicionamento do sangue deverá ser de acordo com o tipo de exame solicitado.
- Realizar a identificação do material coletado com o nome do animal e do Méd. Veterinário solicitante.
A “ordem de coleta" recomendada segundo a NCCLS (National Committee for Clinical Laboratory Standard), quando há necessidade de se coletar várias amostras de um mesmo paciente, durante uma mesma punção é a seguinte:
- Tubo para hemocultura (quando necessário)
- Tubo sem aditivo (soro)
- Tubo com citrato (para testes de coagulação)
- Tubo com heparina (para plasma)
- Tubo com EDTA (hematologia)
- Tubo com fluoreto de sódio (glicemia)
Passos básicos para colheita de urina
A colheita da urina pode ser realizada por:
- Micção espontânea (não recomendada)
- Sondagem
- Cistocentese: técnica mais indicada. Fazer tricotomia, apalpar a região, introduzir uma agulha de fino calibre (25 x 7) seringa 20 ml.
- Após o procedimento de colheita, a amostra deve ser acondicionada em frasco estéril e ao abrigo da luz. Manter refrigerado até o momento da análise (2° 8°C).
- Na colheita de cálculos urinários, estes devem ser mantidos em temperatura ambiente, não sendo necessário uso de conservantes.
Passos básicos para colheita de pele e pêlos
- Realizar antissepsia no local de colheita
- Raspar no limite da região afetada utilizando bisturi
- Raspado profundo até sangrar e espremendo o local quando a suspeita for de ácaros
- Raspar em áreas diferentes da pele
- Para micoses arrancar o pêlo com raiz
- O material do raspado para pesquisa de ectoparasito pode ser colocado em frasco ou envelope limpo e seco
Passos básicos para colheita de fezes
- As amostras de fezes devem ser colhidas a fresco e não expostas ao sol.
- É importante que sejam enviadas ao laboratório, em recipientes apropriados.
- Em caso de resultado negativo em suspeitas clínicas, recomendamos que sejam colhidas no mínimo 3 amostras, em dias alternados, pois os ovos são eliminados de forma intermitente nas fezes.
- Pequenos animais: coletar fezes imediatamente após a defecação, preferencialmente a porção que não entrou em contato com o solo
- Grandes animais: coletar diretamente do reto. Em caso de rebanho pode-se fazer o O.P.G (ovos por gramas de fezes) que é um exame apenas quantitativo. Neste caso, deve-se colher uma pequena amostra de alguns animais do mesmo lote e envia-las para o exame.
- Refrigerar imediatamente após a colheita (2-8°C).
Passos básicos para colheita de amostras para Bacteriologia
O exame bacteriológico pode ser realizado nos mais diversos materiais.
Deve-se colher a amostra diretamente da lesão.
O animal não deve estar em tratamento.
- Lesões profundas: realizar rigorosa antissepsia da região externa e puncionar com seringa e agulha.
- Fístulas e abscessos abertos: realizar rigorosa antissepsia da região externa e espremer o material da profundidade, colhendo a secreção com "swab" ou seringa.
- Olhos: Não realizar antissepsia antes da colheita. Colher com swab.
- Ouvidos, Vagina: realizar rigorosa antissepsia da região externa e colher com "swab".
- Sangue: Realizar tricotomia, antissepsia de pele, deixar secar. Se a coleta não for feita a vácuo proceder à desinfecção da tampa do frasco antes da inoculação de pelo menos 5 ml de sangue. Informar ao laboratório a suspeita diagnóstica. Os frascos para hemocultura devem ser solicitados ao laboratório antes da coleta.
- Urina: Para se fazer análise bacteriologia é importante que não haja nenhuma contaminação da amostra. Ideal que seja feita a colheita por cistocentese. A amostra deve ser acondicionada em frasco estéril e refrigerada.
- Fezes: realizar rigorosa antissepsia da região externa e colher com swab retal
Passos básicos para colheita de amostras para Histopatologia
- Os tecidos devem ser acondicionados em frascos de boca larga, dependendo da quantidade do material.
- Para a histopatologia convencional o fixador mais comum é a solução aquosa de formalina, formol a 10% (1 parte de formol para 9 partes de água).
- Particularmente para o sistema nervoso, deve ser realizada a fixação em formol a 20% (1 parte de formol em 4 partes de água), para preservar melhor a integridade do órgão.
Passos básicos para colheita de amostras para Citologia
- Citologia Esfoliativa
- Remover as células mais superficiais da lesão através de esfoliação (raspagem), sendo indicada na avaliação de epitélios, para caracterizar exsudatos ou para visualização de agentes infecciosos e parasitários.
- Citologia por Decalque (imprint ou claps)
- Colher fragmento de 1-2 cm do órgão ou nódulo a ser examinado, tirar o excesso de sangue com um papel toalha e fazer a impressão em uma lâmina limpa.
- Deixar secar e fixar para enviar ao laboratório.
- Citologia por Esmagamento (squash)
- Colocar uma lâmina sobre a outra (contendo um fragmento de 2 mm do material a ser examinado), comprimindo-as e espalhando o material.
- Citologia Aspirativa por Agulha Fina ou Punção Aspirativa
- Usar seringa de 5, 10 ou 20 ml com agulha de diâmetro.
- Aspirar material representativo, colocar na lâmina e deslizar sobre outra.
- Fixar as 2 lâminas ao ar ou em álcool por 20 a 30 minutos e enviar ao laboratório em frasco porta-lâminas com histórico detalhado, técnica de colheita e de fixação.
- Colheita de fluídos sinovial, peritonial, pleural e líquor
- Colher o fluído com uma seringa plástica e passar cerca de 2 ml para o frasco de tampa vermelha e cerca de 2ml em frasco de tampa roxa. - Manter em geladeira (2-8°C).
- Realizar também um esfregaço fino (interrompido, sem cauda) e secá-lo ao ar, colocá-lo em porta lâmina e manter à temperatura ambiente.